Movimento. Comunidade LGBT de Joinville promete evento com a sociedade
A celebração da diversidade está em pauta na maior cidade do Estado. Joinville se prepara para realizar a primeira Parada da Diversidade. O tema da primeira edição já foi definido na semana passada e será “Direitos seus, direitos meus = direitos humanos”. Partindo da afirmação de que o preconceito só existe quando não há informação, duas Organizações Não-governamentais (ONGs), a Arco-Íris e o Grupo Vida, com o auxílio da Fundação Cultural de Joinville (FCJ), preparam a semana da diversidade para o final de junho.
Na programação, atividades culturais como fotografias e palestras vão permitir a discussão da temática ligada à população LGBT (lésbica, gays, bissexuais, travesti e transexuais). O combate ao preconceito em Joinville ganhou força com a criação do Dia de Combate à Homofobia, – 28 de junho. As atividades da semana devem ser finalizadas nesta data, quando o movimento chama a sociedade para celebrar a dia na rua.
Entre a descoberta e a aceitação
“Os imorais falam de nós. Do nosso gosto, nosso encontro, da nossa voz. Os imorais se chocam por nós. Por nosso brilho, nosso estilo, nossos lençóis. Mais um dia eu sei, a casa cai, e então a moral da história vai estar sempre na glória de fazermos o que nos satisfaz.” Ao cantar a música “Imorais”, de Christiaan Oyens e Zélia Duncan, Josué Junior, 24 anos, lembra que o preconceito ainda existe na sociedade joinvilense, mas para ele, esse “pequeno grande detalhe”, não o tem impedido de ser feliz.
Assumido desde seus 16 anos, Josué não tem vergonha de mostrar o rosto. Diz em alto e bom som o porquê de estar aqui e para que veio. O jovem de cabelos e olhos negros tem um sorriso fácil e marcante. Hoje ele sorri, mas diz que nem sempre foi assim. O processo de descoberta da sexualidade foi rápido, mas um tanto doloroso. “Um certo dia eu achei que gostava de meninos, beijei um e gostei, tempo depois fiquei com uma menina e realmente vi que não era o que eu queria. Também tive sorte com minha mãe e meu pai, que sempre me apoiaram, mas sei que nem sempre esse processo é tão fácil assim”, lembra Josué, que logo dispara: “o preconceito só existe onde não há informação, por isso queremos oferecer essa capacitação à sociedade”.
O jovem continua o relato dizendo que “quando a gente age com naturalidade os outros também veem a ação como natural. Hoje eu estou solteiro, mas quando estou namorando, não tenho vergonha de dar a mão para meu companheiro ou trocar abraços em bares ou na rua. Às vezes, alguns seguranças desinformados ainda nos barram, mas nada que uma conversinha não resolva”, pondera. E complementa: “Não quero mais nem menos, apenas quero respeito. Sou gay, sou cidadão, e hoje eu sou muito feliz”, diz Josué.
Dizer que é gay também não é nenhum problema para o operador de telemarketing e cabeleireiro Marcelo Mendes, 24. O processo de descoberta sexual foi um pouco mais doloroso para o jovem, que hoje é ativista de uma ONG que trabalha em prol dos interesses da comunidade LGTB. Vindo de uma família com raízes evangélicas, o preconceito foi o maior dilema. “Aos 13 anos, me descobri gay. Mas, perante a minha família, ser gay era pecado. O conflito dentro de mim era grande. Eu cresci e amadureci, busquei informação e driblei o preconceito. Quando fiz 18 anos, conheci o universo gay, com suas boates, festas, cultura, e vi que o que eu sentia não era uma anormalidade, conheci pessoas novas, atitudes diferentes, e me encontrei”, conta Mendes.